Quelóide

Você sabe o que é, e os tratamentos disponíveis ?

black blue and yellow textile
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Por Dra. Carolina Guerra – Cirurgiã Plástica em Pouso Alegre

O que é o queloide?

O queloide é uma cicatriz que cresce além dos limites da ferida original, resultando de uma resposta exagerada do organismo durante o processo de cicatrização.
Diferentemente da cicatriz hipertrófica, que permanece restrita ao local da lesão e pode regredir com o tempo, o queloide tende a ser persistente, espesso, elevado e de difícil tratamento.

Além do impacto estético, o queloide pode causar sintomas como coceira, dor, vermelhidão e até limitação de movimento quando localizado sobre articulações.

Fatores de risco

Algumas pessoas têm maior predisposição ao desenvolvimento de queloides, como:

  • Genética: tendência familiar aumenta as chances.

  • Idade: mais comum entre adolescentes e adultos jovens.

  • Cor da pele: pessoas com pele mais pigmentada têm maior risco.

  • Região do corpo: áreas como tórax, ombros, lóbulos das orelhas e mandíbula são mais propensas.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e baseado na história da lesão e no aspecto da cicatriz.
Características típicas:

  • Crescimento que ultrapassa os limites da ferida inicial.

  • Textura endurecida, coloração avermelhada ou escura.

  • Evolução progressiva, sem tendência a regressão espontânea.

Em casos duvidosos, pode ser necessário exame histopatológico (biópsia) para afastar outras lesões cutâneas.

Tratamentos disponíveis

O tratamento do queloide é um desafio. Nenhuma técnica isolada é considerada padrão-ouro; por isso, as abordagens combinadas têm demonstrado melhores resultados.

Principais opções:

  • Infiltração intralesional com corticoides
    Reduz inflamação e síntese de colágeno. Costuma ser a primeira linha de tratamento.

  • Placas ou géis de silicone
    Favorecem hidratação e pressão sobre a cicatriz, auxiliando no remodelamento.

  • Terapia compressiva (pressoterapia)
    Induz hipóxia local, levando à redução do colágeno. Frequentemente usada em lóbulos auriculares (brincos de pressão).

  • Laserterapia
    Lasers como o de CO₂ fracionado ou o de pulso corante (PDL) podem melhorar espessura, textura e coloração.

  • Excisão cirúrgica
    Remoção do queloide por cirurgia.

  • A excisão isolada do queloide apresenta alta taxa de recidiva (50–100%).

  • Sozinha, tem alto índice de recidiva, mas pode ser combinada com outros tratamentos, diminuindo a chance de retorno da lesão .

  • O ideal é associar excisão + terapia adjuvante, como infiltração com corticosteroides, radioterapia superficial ou braquiterapia.

  • Radioterapia superficial (pós-excisão)
    Estudos recentes, mostram bons resultados com baixas taxas de recorrência quando realizada a radioterapia logo após a retirada cirúrgica do queloide.

  • Medicações adjuvantes
    Substâncias como 5-Fluorouracil, bleomicina, interferon e imiquimod têm sido testadas, geralmente em associação com outras técnicas, mas ainda com evidência científica limitada.

Desafios e perspectivas

  • Recorrência: mesmo com tratamento adequado, a taxa de recidiva pode ser alta, especialmente após cirurgia isolada.

  • Abordagem multimodal: combinações como cirurgia + radioterapia, ou infiltrações + silicone, apresentam melhores resultados.

  • Pesquisas em andamento: novas terapias, incluindo moduladores do TGF-β e terapias celulares, podem representar o futuro no controle do queloide.

Prevenção

Quem tem predisposição deve tomar alguns cuidados para evitar o desenvolvimento de novos queloides:

  • Evitar piercings em locais de risco (como orelhas e região torácica).

  • Informar ao cirurgião plástico sobre a tendência a formar queloides antes de qualquer cirurgia.

  • Usar fitas ou placas de silicone nas cicatrizes recentes.

  • Proteger as cicatrizes da exposição solar, para evitar o escurecimento.

Conclusão

O queloide é uma cicatriz de difícil manejo, que impacta tanto estética quanto funcionalmente. Embora não exista um tratamento único eficaz para todos os casos, a combinação de métodos personalizados é a chave para melhores resultados.
O acompanhamento com cirurgião plástico é fundamental para definir a estratégia mais adequada para cada paciente, minimizando recidivas e melhorando a qualidade de vida.